Ciência e indústria unidas

O AgroFresh Xperience Chile 2025 reúne produtores de frutas para definir o roteiro para o próximo ciclo.

Com mais de quatrocentas pessoas reunidas no Monticello Events Center, a AgroFresh Xperience Chile 2025 – The Academy se consolidou como um dos principais encontros do setor frutícola nacional, promovendo inovação, tecnologia e sustentabilidade como pilares do desenvolvimento futuro do setor.

A abertura do encontro reuniu líderes do setor para apresentar as perspectivas do setor: Iván Marambio (Frutas de Chile), Víctor Catán (Fedefruta) e Manuel José Alcaíno (Decofrut) abordaram competitividade, emprego, água e energia, além das perspectivas para cerejas, uvas e maçãs para o próximo ciclo. O painel enfatizou o valor econômico e territorial da fruticultura e a necessidade de infraestrutura hídrica e energia renovável para o crescimento sustentável.

Nesse sentido, projetou-se que 2025-2026 poderia encerrar com aumentos de 6% a 10% nos volumes exportados, favorecidos por um calendário mais flexível — Ano Novo Chinês em 17 de fevereiro de 2026 — e por uma maior coordenação em qualidade e logística. A recomendação transversal foi diversificar mercados, regular embarques antecipados e fortalecer a gestão pós-colheita para manter as margens em destinos exigentes.

Pós-colheita e agroclima: qualidade mensurável no destino

O painel técnico reuniu especialistas como Carlos Tapia (AVIUM) e Dr. Juan Pablo Zoffoli (PUC), que concordaram que a sustentabilidade do negócio depende da compreensão da qualidade sob a perspectiva do consumidor: firmeza, matéria seca, açúcares e consistência da fruta no destino. A ênfase foi colocada na colheita no ponto ideal, no rigoroso manejo térmico e na capacitação da mão de obra para reduzir perdas "invisíveis".

Zoffoli enfatizou a segregação por aparência (cor, caule, tamanho) e o uso de tecnologias de monitoramento não destrutivas para medir o açúcar e a firmeza em tempo real. "Cada ponto de qualidade conquistado na origem agrega valor no destino", resumiu, reforçando que a ciência aplicada e o treinamento são alavancas para manter a liderança.

O componente agroclimático, liderado por Leonel Fernández (FDF), alertou para uma temporada com alta variabilidade de temperatura e precipitação, avanços fenológicos de 7 a 12 dias e uma transição para condições de La Niña (71% de probabilidade em outubro-dezembro de 2025). Monitoramento contínuo, gestão hídrica por bacia e modelos preditivos para o planejamento da colheita e pós-colheita foram recomendados.

Competitividade global: disciplina operacional e inovação

Na sessão da tarde, Óscar "Coco" Salgado argumentou que, diante da incerteza econômica e geopolítica, o setor tem dois caminhos: sair do mercado ou investir estrategicamente para se manter no mercado. Ele destacou a mudança no fornecimento de uva de mesa para o hemisfério norte (Índia, China) e o papel estrutural do Peru, instando o Chile a adotar um modelo mais "industrial", com foco em qualidade, eficiência e rastreabilidade.

Por sua vez, Claudio Moreno (AgroFresh) abordou as tendências de inovação pós-colheita: a demanda global por frutas frescas deve atingir 629 milhões de toneladas até 2025, e o mercado de tratamento pós-colheita (US$ 1.500 bilhão em 2022) deve crescer mais de 7% ao ano até 2027. Soluções como SmartFresh™, Harvista™ e NatuWrap™ estão posicionadas para estender a vida útil, reduzir perdas e melhorar a lucratividade.

A conclusão tática foi clara: conectar ciência e sustentabilidade para transformar eficiência operacional em valor comercial, com disciplina no planejamento da colheita, controle de temperatura, manuseio e garantia de qualidade como base para competir nos Estados Unidos e na Europa.

Voz do painel: qualidade, regulamentações e dados

O painel de encerramento — com representantes da Frutas de Chile, Subsole, Dole, Frusan, consultores e Hortifrut — abordou as pressões regulatórias relacionadas aos resíduos na Europa, a perda de competitividade em relação ao Peru e à África do Sul e a necessidade de substituição de variedades e inovação em cerejas, maçãs e mirtilos. Concordaram que a digitalização e os sistemas de dados são essenciais para antecipar riscos logísticos e garantir a qualidade no destino.

O equilíbrio entre volume e qualidade também foi enfatizado: a lucratividade a longo prazo depende de consistência e diferenciação. A rota proposta combina colaboração intersetorial, adoção de tecnologia e sustentabilidade como princípios transversais, com foco na rastreabilidade e na segurança alimentar como "licenças operacionais" nos principais destinos.

Com esta edição, a AgroFresh Xperience Chile 2025 reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento sustentável da fruticultura, promovendo soluções científicas e tecnológicas conectadas às reais necessidades do campo e a construção de uma indústria mais eficiente, colaborativa e preparada para o futuro.

fonte
Consultoria BlueBerries

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